quarta-feira, 13 de março de 2013

Expressão

Para não concretizar ou rotular o que sou:
Tenho me esquivado de me ver em coisas. De ser dona das coisas.
O que é de mim, ou sobre mim, só em mim se encontra. Meus ambientes não se parecem meus. Eu os habito apenas, mas não pertenço a eles.
Ter ou possuir,  responsabilizam. Só quero estar. Ter é concreto, ser é mutável e  estar é volátil. Preferi até agora passear como fumaça de incenso, perfumar os ambientes, e evaporar.

Os esbarrões entre algo no mundo que seja meu com meu próprio eu, estão ocasionais. E, quando se dão, adoro os reflexos das minhas coisas nas coisas, que, por escolha, viram minhas.

Ao contrário da maioria das pessoas, achava mais cômodo me expressar através da leitura do outro. Me percebia um conjunto de coisas herdadas. Isso é só o descompromisso com o rótulo.
O jeito mais justo de enxergar minhas referências são nas minhas palavras, nas minhas amizades. Jamais nas minhas coisas. Ainda não me traduzi materialmente, continuo sendo um dialeto sem alfabeto.

Mesmo sem alfabeto, está nascendo a vontade de me ilustrar em coisas. Transcrever meus tons nos pertences. Conter-me no que contenho. Quero colaborar com alguns retalhos dessa colcha de heranças que me cobre. Bem levemente. Quero costurar pedacinhos dos véus que em vão dançam sobre minha permanente nudez.

Surgiu a curiosidade de ver meu eu ao meu redor. Como seriam meus pratos e meus lençóis se estes tivessem a minha cara? Quem sabe estou hoje mais para porta incenso que para fumaça. Mas talvez seja só por hoje.


3 comentários:

Unknown disse...

Aiiii nem me fala, Mari. Me identifiquei muuuuuuuito! rsrs

Fernando Nicolucci disse...

Ananilda. Li este texto e lembrei de aulas de química: Camadas eletrônicas ou nível de energia. Lembra? 1s 2s 2p 3s 3p. Camada K L M N O.... rsrssrs Claro que procurei no Wikipídea, né! Nou pense que sou nerd assim!!!! hehehee. Aqueles elétrons que ficam pulando o tempo todo entre camada mais energéticas para outras menos energéticas. Quanto mais distante do núcleo o elétron se encontra, maior o nivel de energia que ele contém. Quando ele vai para uma camada mais próxima do nucleo ele precisa liberar energia e vice-versa. Foi isso que veio na minha cabeça quando li seu texto. Beijão!

Unknown disse...

O texto é da Mari, Fernando. Mas é uma ótima analogia. Eu e a Mari então somos elétrons saltitantes. rsrsrs. E o núcleo? O que seria?
E PS: eu não te acho nerd.