quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Só os jovens são felizes!

Essa afirmação não parece muito a minha cara. Mas é uma constatação com a qual convivo em plena compreensão.

Quando se é jovem os sonhos são possibilidades latentes. Para mim, que já passou dos sessenta, eles já não  estimulam mais. O que a realidade me apresenta, eu pego. Corro atrás do que quero. Mas as ilusões caíram todas. Nem reclamo, porque se eram ilusões, o próprio nome diz, não eram reais e melhor que caiam. Isso não significa que é fácil, que não dói... esvazia...

Como diz o rabino Nilton Bonder, o pessimista é o otimista com experiência. A vida fica mais crua, menos glamurosa, pelo menos para quem nela se aprofunda.
O corpo despenca, a saúde vira prioridade: prevenções, exames, boa alimentação, exercício físico... é uma luta pela sobrevivência com qualidade. Exige tanto como um romance nos trinta.

A morte se aproxima dia a dia e não há como não pensar nela, conviver com ela, preparar-se para ela.

Para os jovens isso parece meio mórbido. Claro, eles se sentem imortais, como eu já me senti um dia. Acham que é coisa que se tem que tirar da cabeça. Não concordo. É o que dá sabor à existência. Saber que é fugaz, que muitos dos sonhos não se realizam, que precisamos aprender a ser felizes "apesar de".... tantas decepções, o tempo correndo, a memória piorando, a vida internética que não para nunca de apresentar novidades e a gente correndo atrás, como loucas...

As festas são repetições cansativas do mesmo. A não ser encontros com os bons e poucos amigos de verdade, que a essas alturas, já provaram quem são e ficaram bem raros.
O sexo saiu da linha de primeiro lugar em termos de prazer. Para aqueles que o viveram plenamente, porque senão é uma busca desesperada para alcançá-lo, nem que seja no último minuto do segundo tempo.

Um bom jardim, canteiros de verduras, flores, uma boa comida e um vinho ficam o mais estimulante que há. Por isso, nem me falem de dietas. Era só o que faltava!

Sentir-se tranquila com as escolhas que fizemos é o que dá paz. Perdoar-se pelos erros, sabedoria. Não dá para voltar lá com a cabeça de agora.

Um bom livro, um som que agrade o coração, como o que estou ouvindo agora na Swiss Jazz Radio e não sentir nenhuma dor no corpo já é lucro total. Olhar pela janela e ver o mar, luxo. Ter a família toda viva, a grande benção. A possibilidade de meditar e transcender, a glória da vida.



O resto é a vida correndo, o sol brilhando, a lua nascendo e eu me lambendo para curar as feridas, como fazem os animais.

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