quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Luz e sombra

Dentro de certa nomenclatura, existem duas maneira de se estar no mundo. Concomitantes, inclusive.
Os estados internos (hall) e as estações (maqan). Os estados são mais pontuais, acontecem centenas por dia. Fico alegre, triste, melancólico, ressentido e por aí vai... eles passam, assim como as nuvens no céu.

A gente pode ficar observando-os, desidentificadamente, e conhecer muito de nós mesmos através dessa atitude. Perceber como as coisas me afetam, quais associações mentais me levaram a esses estados, que emoções eles desencadearam. Vamos assim tomando posse de nós mesmos, ao invés de sermos joguetes do destino.

As estações são estados mais permanentes, como uma estação da natureza: inverno, verão  por exemplo. Lugar onde ficamos por um período, que pode ser mais longo ou curto, mas sempre com alguma duração.

Pode-se então como estação estar muito turbado, confuso e ter estados de grande alegria e certeza temporários. Ou estar num estado bem mau, muito triste ou raivoso e na estação da compaixão e da compreensão.

Em poucas palavras, os estados são temporários, as estações mais duráveis.

Por que estou falando nisso? O que interessa para ti, leitor?
Eu não gosto muito de papo cabeça apenas para falar coisas bonitas, conceitos eruditos sem nenhum interesse prático, que possa nos fazer uma pessoa melhor e mais instrumentalizada para o viver.

Isso importa para que possamos entender essas nuances, às vezes estranhas, "de doces pausas em meio a angústia", como dizia, acho, Cecília Meireles. Ou momentos de dor em meio a um grande evento de felicidade.

Somos mesmo uma metamorfose ambulante. Seres da natureza, que se comportam como o clima, por exemplo... Longos períodos de sol, com chuvas rápidas de entremeio. Chuvarada infindável e, de repente, um raio de sol estonteante nos bate bem no olho.


Por isso, meus queridos, deixem tudo apenas passar. Mas olhem. Saibam onde estão, qual a estação por trás das volubilidades.