Na china antiga, quando o rei queria saber o que andava pensando e vivendo seu povo, ele se disfarçava e saía por todas as províncias ouvindo as músicas que cantavam e ouviam. Esse era o seu parâmetro para saber como estavam vivendo.
Já imaginaram isso no Brasil? É um Deus no acuda de mau gosto, emocionalismo barato ou pornografia. Eu teria vergonha de ligar um rádio na frente de amigos do exterior.
São melodias simples, básicas, previsíveis, onde já se pode cantar no segundo acorde de tão óbvia. Isso é como comer qualquer resto da geladeira e chamar de refeição.
Outra coisa é música mais elaborada, do tipo que se tem que ouvir algumas vezes para o encantamento ir chegando. O ouvido vai sendo treinado para coisas mais refinadas, idéias mais sofisticadas, melodias mais bem preparadas. E olha que nem estou me referindo à música clássica, básica na formação de qualquer pessoa com um pouco mais de cultura. Estou falando do popular mesmo, mas um popular de nível.
Sertanejo universitário?! O que é isso? Sertanejo é música de agricultor, colono, falando da sua viola em noite de lua, o trabalho no campo.... Até aí, tudo bem. Mas em plena cidade, ouvir esses caras se esganiçando feito loucos, falando de bobagens adocicadas para adolescentes e todo mundo cantando junto, em plena sintonia? Universitários? Não seria a universidade o templo da cultura, da arte, do refinamento do espírito?
Estou falando loucura, com certeza. Posso ser apedrejada. Universidade? Templo de cultura e sabedoria? Ué, não é apenas o lugar para se pegar um diploma e poder arranjar um emprego?
Quando até no centro do poder, no palácio federal, a música ouvida é essa...o que me resta, a não ser repetir as palavras de Jesus: "Senhor, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem."
E nem o que estão perdendo.
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