quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Balanço da vida

Acordei num dia frio, muito frio. Logo abri as persianas e deixei fechados os vidros, vendo o mar da cama. É como se estivesse num navio. Sensação deliciosa...
Era cedo ainda para levantar. Olhando para o mar, com montanhas ensolaradas na lateral, comecei a fazer uma avaliação da minha vida. Vivo fazendo isso nessa época da minha vida. Mas o ângulo de hoje foi o seguinte: desde menina, mocinha, o que é que eu queria da vida?

Fui lembrando das sensações, sonhos, idéias e percebi que haviam duas coisas básicas. Nem dá para dizer qual estava em primeiro ou segundo lugar, porque estavam no mesmo nível de importância. Em alguns momentos mais uma, em outros mudava.

Amor e transcendência.

Transcendência e amor.

Hoje já não vejo como duas. Naquele tempo estava separado para mim.

Mas quando falo de amor, me refiro ao amor homem-mulher. Queria amar e ser amada. Amar em primeiro lugar. Sempre me dei conta que amar era mais interessante que ser amada, no caso de ter que escolher. Porque amar é estado, é meu, sou eu que estou encantada, preenchida. Ser amada é receber um pouco a delícia do outro, mas pode ser até bem chato se eu não estiver correspondendo.
Claro que bom mesmo é mão dupla, aí acontece a transcendência. O outro ponto que eu queria, mas buscava separado.

Transcendência é o nome que dou agora à busca de Deus, de um sentido maior para a vida. Eu vivia com o coração aos pulos por essa procura. Caminhando nua em praias desertas, encontrava, me abraçando com árvores e sentindo que eram vivas, encontrava. Andando de quatro, como um animal, fazendo xixi nos troncos, eu encontrava. Assim buscava. Tentando sair do mecânico, abrindo possibilidades mais amplas de sensações, superando preconceitos cristãos, que tanto me podaram na liberdade de ser.

Abrindo e liberando, aos trancos e barrancos, como é fácil imaginar, eu fui rompendo barreiras e me limpando do "dever ser". Me abrindo ao universo, que se abria também para mim de forma mágica!
Assim fui aprendendo a amar, por amar, sem possuir, porque era bom para mim.

Não comecem a imaginar que tudo foi só lindo e paradisíaco. Não! Foi sofrido e doloroso, magoava pessoas, as que eu mais amava, mas não conseguia parar com essa busca de ser livre e transcender essas convenções que me sufocavam, onde me perdia do meu sonho, pessoal, de ser una com o universo.

Passei por várias etapas. Fui muito feliz, caí no fundo do poço, mas no balanço atual, consegui o que buscava. Me sinto LIVRE! UNA com a vida. Procuro sempre querer o que ela quer. Às vezes é bem doído, mas lembrem que eu nunca procurei a felicidade. Travo batalhas, contra os meus condicionamentos (AINDA), com o meu ego, que deseja coisas menores, por mais estranho que pareça. Meu ego é careta. Todo mundo sempre acha que o ego quer ser o máximo, o bam-bam-bam... Pois o meu deseja coisas bem babacas.


Em suma, a coisa está indo bem. Não acabou ainda e sempre tudo pode mudar, mas estou feliz com o rumo que minha vida tem tomado. Correções mil para fazer, desenvolvimento da atenção para não cair em balelas. muita meditação para centrar, presença para viver... enorme caminho pela frente. Mas o rumo está certo e isso é o que importa.

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