quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Meu filminho ganhou o Oscar




Passa um filminho no retroprojetor da minha mente. Da sua também. Uma sequência de quadros, imagens, acontecimentos bons e ruins, traumas, experiências. E não importa o que eu diga aqui, você vai interpretar de acordo com o seu filminho, não de acordo com o meu. É por isso que eu não tenho mais tido muita vontade de escrever blogs. Minha criatividade se reduziu a 140 caracteres, ou seja, aproximadamente uma frase. O texto que eu escreveria baseado nela, tenho deixado para as pessoas fazerem sozinhas, em suas próprias cacholas. Não sei se fazem, provavelmente não, o que também não faz mal nenhum. Mas é meio frustrante quando o que eu escrevo é ACABA-TE e a pessoa entende ABACATE. Chega uma hora em que as palavras são limitadas. Essa nossa mente, cheia de mazelas e traumas, nos boicota e sacaneia o tempo todo. A gente perde um tempo enorme pirando em viagens mentais inúteis. E é por isso que, mesmo que eu me esforce para que meu texto tenha propriedades positivas, não deixa de ser uma divagação, uma conjectura, um blá blá bla por vezes útil, por outras confuso, às vezes engraçado, às vezes carregado de dor. Então pra que escrever? Pergunta difícil para uma escritora.
Tenho cada vez mais acreditado nas histórias. Uma boa história passa as mensagens por outros canais, não dá muita margem pra viajação e a pessoa se reconhece sem que o dedo encoste na ferida, afinal estamos falando de outros. Hoje as histórias fazem parte do meu trabalho (como roteirista da Soap, uma empresa que se deu conta do poder de uma boa história), do meu destino (venho me dado cada vez mais conta de que não sou escritora porcaria nenhuma, e sim uma contadora de histórias!) e do meu patrimônio (tudo o que tenho é minha própria história!). Por isso, me dei o Oscar ao meu filminho, aquele que passa no background da minha mente. Dei o Oscar para que ele possa ter alcançado o grau máximo de esplendor, e assim posso abandoná-lo e ver a vida como ela é: uma película em branco. O próximo quadro pode ser uma decisão sua, determinada pela luz que por ele passa. Para deixar a luz passar, é preciso se livrar, deixar pra trás, limpar, soltar, desamarrar, abrir todas as feridas, depois de olhar para elas com amor. Chega de ficar RE-agindo, está na hora de agir. A força para a ação está no coração, não na mente. O coração sabe, a mente mente. Venha comigo, vamos para a Califórnia acenar para os outros no tapete vermelho, sorrir e nos vangloriar do filminho medíocre de nossas vidas, para que possamos finalmente viver de verdade.
And the Oscar goes to...



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