terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Omito-ou-minto

Omitir é o jeito mais confortável de mentir. A omissão, perante a lei e a igreja, é crime e pecado. Mas... omitir... é tentador. Mentir é assunto que nem se discute mais. Mas omitir... tem um gosto especial, é um segredo. Todo segredo é uma omissão!
A omissão também é uma esperança de esquecimento. O que não pode ser dito, não deveria nem ser lembrado. Assim seria menos ardida aturar essa culpa disfarçada. Mas e se omissão for para o bem comum? É possível isso será? Bem comum é uma coisa meio utópica. Afinal o bem também não é um conceito absoluto.
As pessoas imaginam uma escala de gravidade: mentir - omitir - falar a verdade. Omitir é o meio-termo. Pois é o não-ato protegido pelo não-dito e pelo não-feito. Ações geram reações, e omissões geram o que? No mínimo, reações internas. Coisa ruim a sensação de estar omitindo informação ou uma boa ação. Sabe o cego que você NÃO ajudou a atravessar a rua? Aquele, com quem você sonhou noite passada... é... a omissão fica contida dentro da gente, carregamos e rezamos para esquece-la. É óbvio que pra refletir sobre isso eu estou omitindo algo. Ainda preciso chegar ao ponto da reflexão que neutraliza meu pesar. Quando a omissão é sobre um ato do próprio omissor, e esse não fere a lei, apenas o sentimento do outro, talvez a omissão seja um direito. "Não devo contas à ninguém" seria a frase triunfal que tiraria dos ombros o resto de duvida. Mas serááá??  As relações humanas deixariam de assim chamar-se se fossem baseadas em certo e errado, justo e não justo...Afinal  nós humanos somos cheios de nuances e conceitos abstratos, mutáveis e moldáveis, e possuímos uma mente que mente e omite o tempo todo. Sem conclusões, uso do meu direito de permanecer calada!

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