Não me espanta estar o mundo como está. Sem rumo, onde reina a infelicidade, a desunião, a falta de amor e onde sinceridade é coisa de ingênuos.
Temos que manter uma aparente unidade e coerência, opinões formadas pelas quais lutaremos, mesmo que sem alma, só para não perder a discussão. Afinal, nos decidimos por uma imagem. Certamente boa, bem construída, de pessoa correta, honesta, generosa. Uma pena não ser compreendido pelo outro, os outros, os maus. Aqueles que são diferentes de nós, os bons.
Mocinhos e bandidos, como nos folhetins de TV. Nós mocinhos, claro. Injustiçados, caso alguma coisa saia do controle. Tentando sempre evitar comentários, fazer tudo na "moita", sabe como é?...
As aparências é que importam. Com a realidade lidamos nós, deitados em nosso travesseiro nas noites mal dormidas do remorso e da culpa. Mas isso já é um adianto ético. Mais primáriamente, nem isso. O que fiz foi apenas reagindo à alguém, me defendendo. Culpados são "eles", os maus. Os alienígenas diferentes de mim. Os que me criticam, comentam, pensam mal...
Deus me livre ser alvo de fofoca. Há que se fazer tudo muito bem feito. Não deixar rastros. Negar até morrer. Afinal, tenho uma imagem a zelar. Construída árduamente, com o sangue do não-ser, o desespero da falta de idoneidade. Como uma moeda falsa, sem o outro lado. Sem sombra, incompleta mas perfeita para o efeito desejado: não revelar a verdade da minha humanidade.
Aquela que poderia me unir a meus irmãos, mais completos, múltiplos, imperfeitos. Estes podem buscar a transcendência, formarem musculatura pelo manejo das situações da vida, serem mais abertos e livres para serem vistos na sua integridade. Bons, maus às vezes...
Humanos, nada mais que humanos! Aqueles que não têm imagem para zelar porque se sabem mutantes, abertos para se exporem, compartilhando assim suas venturas ou desventuras e quiça, ajudar alguém com sua verdade.
A verdade é a única realidade!
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