quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Mea culpa

Se tem coisa doída nessa vida é a tal da culpa. Dói o peito, não permite a paz, a cabeça não pára de pensar, tentando achar uma justificativa que amenize o ato considerado mau. Às vezes nem ato é, basta um pensamento para desencadear toda a tortura.

Na verdade, a culpa é uma recusa em aceitar o Eu, como ele se manifestou no acontecimento. É uma auto-crítica, feroz, porque é contra nós mesmos e não costumamos ser muito compassivos conosco. É mais fácil compreender, perdoar o outro. Nosso olhar interno é agudo, percebe as nuances mais sutis, a intenção mais oculta. Podemos enganar a todos, mas quando nós sabemos... ai, como dói.


Ninguém escapa disso, de vez em quando, mas pode ser mais esperto investigar os fatos, as causas, livre de julgamento. Entender a motivação e transformar a culpa em verdadeiro arrependimento, que é o desejo real de não voltar a cometer aquele ato novamente. Isso é curador, muda a situação. A culpa só causa sofrimento e não muda nada. Pelo contrário, é como um passaporte para se cometer o mesmo ato novamente. É que dói tanto que nos compensamos repetindo.

Viajar para dentro de si mesmo, como um transeunte, apenas observando, sem criticar nem julgar mas conhecer, nomear os impulsos, delinear muito bem os esquemas internos, isso sim transforma, faz evoluir.
É uma ação positiva, compassiva e inteligente. Afinal, somos humanos, estamos aqui para aprender e precisamos nos conhecer para não sofrer inutilmente.

Precisamos nos ver com clareza, como somos, e não como gostaríamos de parecer. Isso é máscara! Artificial, descola, escorrega e sempre deixa furos. Thanks God, assim aparece, mesmo sem querer, a verdade lá por detrás. Sempre idônea, forte, segura, relaxante... Ufa!

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