quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Livre da idade

A idade que tenho agora, os tais 6.0, é muito interessante. Primeiro que tenho mais tempo, menos compromissos externos, menos responsabilidade com outros. Meus filhos estão criados, meus netos crescem bem. Não anseio mais coisas do mundo, no sentido de ficar rica, fazer investimentos ou coisa que o valha. O que tenho é suficiente para minhas intenções. Só isso já libera um espaço enorme de tempo e preocupações que ocupam aos mais jovens.

Me tornei invisível! Isso é muito intrigante. Ninguém mais me olha e, se o fazem, é por acaso ou porque estou na linha de visão. E olha que sou uma pessoa que gosta de roupas, sou do estilo meio étnico, uso coisas diferentes, não me visto como a maioria das pessoas.
Liberdade total! Porque agora só me visto para mim mesma. Mesmo assim capricho bastante, porque gosto de me sentir confortável e unificada com meu mundo interno, sou fora mais ou menos como sou dentro. Cada dia, se alguém se desse ao trabalho de observar, perceberia como estou me sentindo, o que ando pensando... Ninguém tem esse interesse, então observo eu...e rio, porque é tudo tão óbvio!

Outra das vantagens é que não preciso mais me preocupar com o que os outros pensam. Verdade que isso nunca foi meu forte, mas até certo ponto tinha que fazer algumas concessões.
Agora, ou quem me conhece já sabe quem eu sou, ou pensa que sabe e não se preocupa mais. As pessoas não se interessam por velhos. Essa é a minha constatação.

O interessante é que para mim mesma eu não tenho idade. Sou a mesma menina dos 15, a mulher descobrindo o mundo dos 30, a responsável mãe de família e profissional dos 40, a liberta dos 50 e a deslumbrada dos 60.

Quando me olho no espelho e vejo as inegáveis rugas e flacidez da pele, me assusto. Minha imagem externa não é a mesma que eu sinto internamente. Dentro sou eterna, sem idade, eu, essa tragetória de tantas fases que se unem num ser. Nem homem, nem mulher. Até isso não me diferencia mais. Tenho me sentido tanto mulherzinha quanto muito homem.

Só sei que jamais lutaria para manter a fase antiga, a pele esticada, que agora já seria uma máscara, o corpinho aspirado e todo costurado para manter o que? Para ouvir o comentário: "Como ela está conservada?" Me sentiria no vinagre...

Sou uma pessoa sem idade, cheia de experiências, louca por mais, velha por fora e completamente fresca e deslumbrada, como um broto arrebentando a terra para buscar o sol.
Atração total pelo Absoluto! Que só posso experenciar através dessa vida, nesse corpo, pelo menos por enquanto! E há tanto para ver, conhecer, saber, que não acho que mais 60 resolvam isso. Vai ter que ser intenso, profundo, cada minuto, sem perda de tempo.
Olhar para o mar tem que gerar a sensação de ter o mundo inteiro!


2 comentários:

Pensadora disse...

Tânia,
Como é delicioso entrar um pouco na tua vida, pois ler tuas palavras é entrar um pouco nela. Me faz sentir viva com a energia que transmites.
Obrigada, por mesmo de longe...fazer parte da minha vida.

Um longo abraço

Patricia

Nika&Suka disse...

Olá, amei o blog, fiquei muito tempo lendo os posts hoje. E este seu texto sobre a idade e suas consequências, foi excepcional. Amei de veras. E por sinal, você está maravilhosa, as suas roupas lindas. Irei lincá-las para não perder nadinha.Parabéns linda.