terça-feira, 10 de julho de 2012

Eu escrevo

- Você também escreve? Perguntou-me uma escritora, autora de alguns livros.
Calei por uns segundos tentando encontrar uma resposta sincera.
- Não realmente, mas eu tento. Respondi, não muito feliz com a resposta.
O que afinal é escrever? Para afirmar que escrevo devo ter técnica, métrica e publicações? Ou ter paixão pela expressão das palavras escritas?

Dias antes, da boca de um entendido das letras, ouço criticas aos 'metidos a poeta', aqueles que escrevem sem a noção estrutural de versos e rimas.
- Mas, e os apaixonados que escrevem sem estudar sua própria escrita? Inválidas seriam suas palavras?
- Ser poeta é profissão e os verdadeiros poetas criavam com grande conhecimento do que faziam.
Ai, duas pontadas no estômago na mesma semana. Mas as teorias sobre escrever e compor também partiram do nada, de alguma mão desgovernada regida pela emoção, não?
Como pode uma expressão artística ser inválida? Não seria elitizar o livre espaço de expressão? Ok, sei a diferença entre minha comida e a comida de um chef, mas se eu cozinhar com paixão, posso fazer algo lindo e delicioso, mesmo que as cenouras não estejam cortadas com perfeição. E se me perguntassem nessa situação: -Você cozinha? A resposta seria: -Sim, adoro cozinhar!  Provável que a partir dessa resposta, surgiriam convites animados (e corajosos): 'vamos cozinhar lá em casa', ou 'quero provar um  prato seu'. Caso minha papinha agrade as papilas gustativas, as narinas e os olhos do outro, certo que não haverá régua medindo a espessura da cenoura. E, caso não agrade, criticas virão. Ótimo também, assim que se aprende. O feedback do outro pode ser impulso para aprimorarmos o que fazemos. Então, por que não entregar a resposta segura sobre a questão da escrita: '-Sim, escrevo, e adoro escrever!' Afinal, os corações que eu conseguir tocar não irão medir minhas rimas pobres ou ricas; e os olhos que eu não encantar, podem me trazer criticas que serão meus degraus no processo do aprender. Quando há paixão, vontade e verdade, porque não? EU ESCREVO, SIM.

Em prosa ou poesia,

Rabisco a melodia
Que cantarola em mim:
Tons de tristeza, notas de alegria.



Não quero calar meu verbo
Ante as medições de alguém
Pois o silêncio forçado
Vira ferida mais além.

Né? 





6 comentários:

Tania Abreu disse...

Adorei, Mari!

Iara Zotti disse...

Tens razão quando diz que o que importa é tocar o coração. Ouso dizer, assim como você, que é isso que importa. Fazer com paixão e não com perfeição.

André Nogueira disse...

Gostei! É Claro que a arte está na expressão dos sentimentos! A técnica distingue, mas o excesso é o academicismo.

André Nogueira disse...

Gostei! É Claro que a arte está na expressão dos sentimentos! A técnica distingue, mas o excesso é o academicismo.

Juliano disse...

Bah! Mas que bueno o que te aconteceu, pois após a frustração de responder com dúvida tal questão, puderás tu acertar a mão, da real resposta daqueles que são.

Ser poeta ou escritor não é questão de técnica, mas de alma, a técnica vamos aprendendo com o tempo e aperfeiçoamento. Tenho alunos que mal sabem as regras da língua portuguesa, mas que tem uma matriz poética digna dos grandes...

também lembrei da inculta Maria, cuja poesia, o magnificat, perdura como épico a quase dois mil anos.

tal crítico ainda não entendeu que a poesia frui... ele precisa voltar a brincar, quem sabe se ele ler e entender o velho Mario Quintana, possa se apaziguar...

Paz!

Anna disse...

Oi Mari! Nossas mães andaram conversando e acabei chegando aqui! rsrsrs Muito bom teu texto, concordo contigo, SIM, NÓS ESCREVEMOS ;) Vou continuar acompanhando as postagens, gostei do blog e escritoras! bjoss