segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Passeando pela vida...

Em "O Rastro dos Cantos" está escrito: "Um dervixe sufi perambula pela terra porque a ação de caminhar dissolve os apegos do mundo. Sua meta é tornar-se um "cadáver ambulante", um homem cujos pés estão enraizados no chão, mas cujo espírito já está no Céu".

Não estou aqui assumindo um ego sufi, nem expondo uma visão sublime ou me gabando do meu desapego, mas me recuso a pensar na minha própria vida de forma linear. Essa coisa de que a gente tem que nascer, crescer, estudar, encontrar uma profissão, casar, ter filhos, seguir um padrão de comportamento esperado para cada pessoa em uma certa idade. Não posso pensar assim até como forma de proteção, já que não foi desta forma que minha vida se desenrolou... e também não posso negar que, às vezes, gostaria que tivesse sido diferente.

Hoje sou uma mulher com quase 33 anos, não estou casada, não tenho filhos, não sou realizada profissionalmente e, no momento, estou indo morar na Itália com meu namorado, para me apaixonar pela arte. Isso depois de já ter morado em outra penca de países. Acho que, para a grande maioria dos mortais, sou apenas uma pessoa um tanto perdida. Para outra penca, uma mulher corajosa, de valor e com muito conhecimento empírico. Como escritora, de todas as formas, tenho acumulado pérolas ao longo do caminho. Conheço o modo de pensar das pessoas que moram no norte do Canadá, o jeito como se vestem os moradores de Camden Town, em Londres, a mania de fazer topless das barcelonesas, o ímpeto compulsivo pelas compras dos americanos, a malandragem do brasileiro... tudo natureza humana, um grande objeto dos meus estudos.

Acho que a forma como serei julgada dependerá do desenrolar do meu destino... Se der certo como escritora, publicar meus livros e viver da minha arte, dirão que sou uma mulher de fibra, que correu atrás dos seus sonhos, que nunca desistiu deles, que se recusou a aceitar a vida com um roteiro pré-estabelecido. Uma batalhadora, mulher de fé, que foi e fez.
Por outro lado, se não der certo... serei apenas mais uma lunática, sonhadora utópica, que fugia da realidade e tinha dificuldade em assumir responsabilidades. Uma pessoa sem os pés no chão, que simplesmente não aprendeu a concretizar seus sonhos de forma metódica, como a vida realmente é.

Que meu destino seja aquele que me tire mais areia dos olhos, para que eu possa estar mais próxima de uma visão verdadeira da vida e de mim mesma.

Assim, sigo com esta leveza etérea de quem, simplesmente, não tem nada a perder...
Fracasso, vim te namorando todos estes anos, fugindo desesperadamente de ti enquanto te seduzia e atraia... Hoje, te olho fixo nos olhos com firmeza, e já não me fazes diferença. És parte de mim, assim como a poderosa grandeza do meu Ser. Te saúdo.

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