sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Ideias inteiras



Não tenho paixão por pesquisa. Nem em papel, nem em tela. Gosto sim é de saciar a curiosidade, essa moça gulosa que me habita.
Gosto de ler os outros, mas falo também sem ler. E acho possível alguém citar algo que não leu. As ideias estão soltas por aí, podemos repescá-las sem pagar royalties.
Tenho paixão por inspiração. Tocar a campainha do inconsciente coletivo, que mora láááá na oitava dimensão, e pedi-lo emprestado ideias. Geniais ou não. Até porque, para os meus sensores, ser genial mais tem a ver com fluidez do que com QI. Para mim as pessoas geniais tem como maior esforço manter bem limpo e lisinho o escorregador que conecta a inteligência universal à nós, humanos.
Com o fluxo livre neste canal, os gênios conseguem ser geniais.
Mas há um detalhe nesse tubo por onde as ideias passam líquidas: ele se bifurca em dois canais na sua parte final - um desemboca nas nossas cabeças e o outro nos nossos corações.
Como num processo alquímico, a ideia é dividida para ser metabolizada pela razão e pela emoção, podendo assim ser aplicada por completo pelos geniozinhos que fazem mudanças aqui nesse mundo. Essa engenhosa bifurcação, quando em mau uso, desmembra a ideia e consequentemente, o mundo: separa o caos da ordem, a razão da emoção, o business da arte.
O escorregador que vai para a cabeça é formado por linhas concretas, cores definidas, e o escorregador do coração é assimétrico.
E tem humano limpando um canal só. Assim, o outro fica sujo, bloqueado, sem fluxo. E as ideias não ficam inteiras. Pesam demais pra razão, ora pra emoção, e desse jeito não rendem o que poderiam render. Mas aí atuam os gênios. Esses, que não sofrem de constipação crônica de ideias inteiras. Os gênios vem à serviço. Ajudam a liberar as vias constipadas dos outros, alargando os pensamentos e quebrando, com seus martelinhos da criatividade, as paredes que apertam as ideias nos limites curtos do possível. Costuram as boas ideias quebradas ao meio.
Assim, com fluidez, faz-se jus às inspirações que pescamos lá do além (temos a ilusão que as criamos... oh seres egóicos).
Usar o potencial humano sem desperdícios.
Aproveitar as ideias sem desperdícios.
Limpar os escorregadores já.

2 comentários:

Tania Abreu disse...

Genial a visão, Mari. Criativa e real.

Mariana Ostermann disse...

Obrigada Geniazinha!