quinta-feira, 23 de junho de 2011

Anos 70

Tinha acabado a guerra do Vietnam. A vida começava a sorrir novamente. A coragem ressurgia, só que agora não para lutar, mas para sorrir, para ser, expressar-se. Movimentos de contra-cultura, nada do que estava estabelecido continuava por mecanicidade, o outro lado precisava ser visto.

LIBERDADE! Agora se podia falar, revelar. A pílula anticoncepcional foi colocada no mercado. Ninguém mais engravidaria se não quisesse. O sexo começou a ser considerado puro, bom, elo de ligação, expressão de amor sem instituição. Amor de um corpo por outro. Aqui. Agora.

A música falava disso, a TV, as revistas, a intuição, mesmo para quem estava numa pequena cidadezinha no interior de Santa Catarina. Mocinhas "da sociedade", como se dizia naquela época, começaram a usar vestidos longos, sair descalças pelas ruas, entregar flores a desconhecidos. Sentar nas calçadas da cidade, usando roupas "loucas", fora dos padrões.

Mais do que tudo, acreditando no poder do amor, da paz, da flor. Não é uma maravilha de momento?

Agora compara com os dias de hoje. O que vemos? MEDO!  De acabar o mundo, de ser, de dizer, de parecer. Todos lutando desesperados por empregos, simplesmente sobreviver. Valor é dinheiro, amor é só para suprir a carência. Paz? Bom, nem vamos falar disso. Não conseguimos paz nem nas nossas casas!




Todo mundo quer ser amado. Amar está fora de moda. Coisa de mulherzinha ou viadinho. Homem mesmo não se entrega, só trepa, usa. As mocinhas... ah, as mocinhas... tiveram que se reforçar para engolir a falta de elegância do mundo, o desprezo dos sentimentos. A liberdade virou libertinagem. Para agarrar um homem, têm que fazer o que for preciso. Dar sem amor, fazer de conta que não ligam por nem serem cumprimentadas no dia seguinte... E os coitados dos machos também já não estão entendendo nada! Não entendem o que querem as mulheres, nem o que eles próprios querem, além de um bom carro e um emprego seguro.

Mundo moderno!!! Contemporaneidade! Vamos consumir. Tudo. Sentimentos, ideias, pessoas, ideais...
Alguns, bem pouquinhos, pensam em transcendência... São considerados exóticos, meio "viajões"!
E a vida segue.

Um comentário:

Allez! disse...

Adorei o texto, concordo plenamente. Ahhh e a foto tá linda!! Bjsss